Um ditado antigo. Uma recomendação para refletir.
Se bem me lembro, José Mauro de Vasconcelos descreveu, em seu conto "Rosinha, minha Canoa" a canoa que nasceu esculpida a partir de uma árvore, e que navegou à beira de um rio, por muitos cantos e recantos, podendo apreciar a Criação. Este foi um livro que li na infância, e que ao longo da minha própria vida me fez pensar bastante.
Provérbios 22, 6: "Ensina uma criança o caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele".
Na nossa caminhada é bom lembrar deste dito popular. Desejamos um emaranhado de coisas, na ansiedade de buscar uma vida rica em realizações materiais, tornando-a cada vez mais comprometedora do que realmente conseguimos administrar. Não que os objetivos e anseios da vida não devam ser almejados, até bem pelo contrário: "É bom não encontrar a perfeição, anima-nos a busca-la". Penso assim. Penso também como a vida é estressante quando, a todo momento, se está em busca de bens literalmente supérfulos, que escravizam e que acabam alterando o sistema de vida, para apenas justificar, a utilidade do referido bem.
Compromissos, necessidades forjadas, ansiedades do ter. "Vez por outra pare e pense; pense e pare".
Sim, é de vital importância que estes anseios sejam precedidos de uma tranqüila reflexão. É de se entender que os recursos modernos, racionalmente utilizados, favorecem o desenvolvimento da vida. Certamente este procedimento encerra uma virtude muito grande. Saber que a reavaliação prudente conduz a uma economia material, física, e espiritual, sobre tudo uma vida sem estresse e saudável.
Rosinha a canoa, surgiu de um só tronco. A canoa nativa surgiu de um só tronco. Nossa vida também surgiu de um só tronco... Para que complicar?
Por mera conveniência e "tributo à praticidade", e em função das "necessidades prementes", a simples canoa foi ganhando novos elementos, uma série de acessórios e até novas formas. Foi crescendo até tornar-se um grande barco. Um barco tão grande e cheio de compromissos que agora para poder navegar necessita de uma tripulação, de um capitão, e até de um pessoal de apoio em terra.
Ah! Quanta gente, quanta coisa, para fazer esta "canoa apenas ser".
Sem dúvida que para atravessar o grande oceano é preciso ter estrutura firme. Para atravessar os mares da vida também. Mas que estrutura é esta que nos garante, mesmo em águas turbulentas?
O poeta escreve assim na sua linda canção (Negro Spiritual):
"Se as águas do mar da vida quiserem te afogar... Se as tristezas desta lida quiserem te sufocar... Se a jornada é pesada e te cansas da caminhada, segura na mão de Deus e vai!
Orando e jejuando, confiando e confessando; segura na mão de Deus e vai...
O Espírito do Senhor sempre te revestirá... Jesus Cristo prometeu e jamais te deixará:
Segura na mão de Deus é vai". E diz o estribilho: "Segura na mão de Deus... pois ela te sustentará. Não temas segue à diante, e não olhes para trás, segura na mão de Deus e vai!".
Entalhar esta canoa, a canoa da vida, sugere o Salmo 37, 3-27, em especial o verso 5: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e o mais Ele fará", e também os versos 23 a 27: "O Senhor firma os passos do homem (ser humano) bom, e no seu caminho se compraz; se cair não ficará prostrado, porque o Senhor o segura pela mão. Fui moço, e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado nem a sua descendência mendigar o pão. É sempre compassivo e empresta, e a sua descendência será uma bênção. Aparta-te do mal, e faze o bem, e será perpétua a tua morada".
A riqueza da vida não se faz com bens materiais, mas com abundância de fé, e pureza de alma.
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