Texto de Walter Berner, 2001.
A beleza de tudo, e de todos, vias de regra, se define por sua imagem visível, "palpável", sem que se tenha consciência de que é preciso também enxergar, além do ver. Tanto uma obra sólida, como um trabalho escrito, encerra em si uma mensagem que nos alcança na medida de nossa predisposição à receptividade. Em outras palavras, é dizer: "para entender a arte é preciso conhecer o que está por trás da tela", ou ainda como se diz: "não importa o que falo, mas o que cada um ouve".Assim é também ao contemplar-se uma escultura abstrata (abstrata?) Seus movimentos entrelaçados, sua textura polida e suave, suas formas vazadas mostrando seu interior. O acabamento refinado externo e interno. Seus movimentos místicos que permitem descobrir formas sugestivas, lapidadas, nascidas de uma pedra bruta.
Aprendi entender o conteúdo do abstrato na medida em que entendi a plenitude do conteúdo da alma.
O ser humano é como esta "pedra bruta". Pode estar polida externamente e bruta em seu interior. E inversamente é do mesmo jeito: Bruto externamente e "refinada" no seu sentimento, sua alma. Assim é a pessoa que convive conosco neste mundo, que está ao nosso lado no dia-a-dia de nossas vidas. Basta "enxergar a pessoa" que se consegue penetrar no seu interior, e "palpar sua alma, seu ser". Como? Palpar sua alma? Sim, num aproximar-se, no simplesmente ouvir, no afago, carinho, no tocar e abraçar, no demonstrar (incondicionalmente) o seu amor, sua compreensão, seu afeto.
A pessoa que anseia por esta aproximação carece de nosso ser "humano".
Mas tão importante como enxergar o nosso irmão, amigo, ou estrangeiro, é sem dúvida "enxergar-se a si próprio". E buscar o entendimento de si, do seu ser, é encontrar Deus dentro de você, para que conscientemente se possa encontrar o Belo em sua própria pessoa e naquelas pessoas com quem compartilhamos o espaço nesta vida. (Ef 4,22-27) "devereis abandonar vossa antiga conduta e vos despojar do homem velho, corrompido por concupiscências enganosas, para uma transformação espiritual de vossa mentalidade, e revestir-vos do homem novo, criado segundo Deus em justiça e verdadeira santidade". Isto mesmo, despojar-se do velho Adão e revestir-se de nova criatura, a criatura de Deus. O Deus do Amor.
Aí nossos olhos e corações, estarão abertos para nos enxergarmos juntamente com nossos próximos, para encontrar Deus.
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